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DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062046-5
Este trabalho foi escrito por:
Raquel Furlani Rocon Braga*; Aléxia Stefani Siqueira Zetum; Daniel Stoffle Trancoso ; Karine Martins Torres ; Matheus Correia Casotti; Iúri Drumond Louro; Débora Dummer Meira
*Raquel Furlani Rocon Braga – Email: [email protected]
Resumo: Gliomas Pediátricos de Alto Grau (pHGGs) apresentam uma taxa de sobrevida baixa quando não tratados, porém, tal tratamento levanta questões sobre o risco em relação à toxicidade e à qualidade de vida da população infantil pós intervenções terapêuticas, especialmente pelo fato de serem indivíduos em que o sistema nervoso central ainda está em desenvolvimento. Como as terapias que obtiveram sucesso são recentes, os possíveis danos a longo prazo ainda são pouco documentados, e o êxito esperado é dificultado em vista que os pHGGs manifestarem resistência a certos tratamentos tradicionalmente eficazes em Gliomas de Alto Grau em Adultos (aHGGs), sendo um dos principais pontos que distinguem os cânceres nas diferentes faixas etárias. Esta revisão engloba as bases estudadas até a atualidade a respeito da discrepância – principalmente a genética – entre os Gliomas Pediátricos de Alto Grau e os Gliomas de Alto Grau em Adultos, a fim de elucidar as diferenças mutacionais e de microambiente que apontam ainda mais sobre as divergências desses tumores, representando um passo importante para alcançar um diagnóstico mais preciso e intervenções padronizadas: mais eficazes e menos danosas.
Palavras–chave: Glioma de alto grau. Tumor pediátrico. Mutação. Resistência.
INTRODUÇÃO
Assim como em adultos o câncer infantil se refere a um grupo de doenças caracterizadas pela proliferação descontrolada de células mutadas, contudo, essas células mutadas possuem, predominantemente, natureza embrionária (1). Segundo Gröbner, 2018 (2), aproximadamente 50% dos tumores primários em crianças podem apresentar um potencial de ter um evento genético como alvo, ou seja, quando o assunto é câncer infantil, torna-se necessário um olhar particular acerca de sua causalidade e características específicas. Segundo o instituto A.C. Camargo (3), “na criança, o câncer é formado por uma célula que não amadureceu como deveria e começou a se multiplicar de forma desordenada”. Essa afirmativa traz a reflexão de que, ainda que existam semelhanças na histologia com relação ao câncer em adultos, o câncer pediátrico possui um perfil molecular com diferenças significativas (4), e observar a influência de eventos genéticos (3) no desenvolvimento desta doença evidencia a necessidade de que seja realizado um perfil individualizado de cada paciente para que aumente a acurácia do diagnóstico e a busca por uma terapia mais efetiva e menos danosa (2).
Apesar das melhorias no tratamento do câncer pediátrico, que atualmente apresentam taxa de cura de até 80% (2), as neoplasias malignas ainda constituem a terceira principal causa de morte entre crianças e adolescentes (5), sendo os tumores de Sistema Nervoso Central (SNC) os mais frequentes e responsáveis pela maior taxa de mortalidade (6, 7). Ainda que a compreensão acerca desses tumores tenha avançado de forma significativa, por meio do estudo e desenvolvimento de terapias guiadas por medicamentos de precisão (6), algumas neoplasias cerebrais raras permanecem desafiadoras pelo seu microambiente e localização de difícil alcance, tanto cirúrgico como farmacológico, além de seus complexos e característicos mecanismos (8).
Dentro desse panorama, o tratamento atual para a neoplasia, apesar de ser constituído por regimes terapêuticos intensos, ainda não é curativo na maioria dos casos, sendo responsável infelizmente por causar danos (6) na maioria das crianças que sobrevivem, dada sua alta toxicidade e localização do tumor, fazendo com que estas acabem precisando conviver com sequelas como incapacidades mentais, toxicidades em órgãos e cânceres secundários (2). Com sobreviventes de câncer pediátrico que chegam à vida adulta, os efeitos colaterais e complicações de longo prazo se tornam aparentes, o que aponta a necessidade de busca por fármacos específicos para os pacientes pediátricos, principalmente ao se observar que o número de fármacos aprovados para esse público é significantemente menor quando comparado às aprovadas para os adultos, devido às necessidades e considerações específicas para a terapia em crianças (9). Logo, é possível perceber que, apesar de em alguns casos a sobrevida conferir uma realidade no tratamento, muitas vezes ela confere um alto preço, principalmente quando são observadas a qualidade de vida dos sobreviventes e os riscos de recidiva (10).
Ao avaliar de forma lógica essas sequelas, pode-se perceber que um fator importante no tratamento de tumores cerebrais na infância é o desenvolvimento cerebral ainda em conclusão. Questões relacionadas aos cânceres infantis dificultam a terapia por detalhes como a maior possibilidade desses tumores serem relacionados com upregulation e downregulation da expressão de proteínas e, com isso, expressar alvos não específicos e pouco identificáveis (9). No tratamento de malignidades de SNC, é preciso ser cuidadoso e preciosista para que o tratamento não afete o desenvolvimento normal do cérebro, o que causaria efeitos gravíssimos a longo prazo. Conforme apontado por Borgenvik, 2020 (11), não se trata de um experimento comum de bancada, mas de uma análise complexa que requer testes cuidadosos, principalmente ao observar os dados que apontam menor sobrevida em crianças com tumores de SNC em relação a outras neoplasias (12), e a incidência de efeitos deletérios ao longo dos anos superior a 50% (13). Porém, dentre os cânceres ainda descritos por alguns autores como incuráveis e intrigantes, cujas terapias possuem alta toxicidade e baixa eficácia, é possível citar os Gliomas Pediátricos de Alto Grau (pHGGs), que constituem cerca de 17% dos tumores pediátricos de SNC e uma taxa de sobrevida em 5 anos de apenas 20% (11).
Em prol de resolver essa situação, a busca por tratamentos mais específicos para os pHGGs evidencia que o repertório genético é diferente nos adultos referente às questões histopatológicas e subtipos moleculares (2). Uma das principais considerações são os efeitos colaterais que podem afetar o desenvolvimento do sistema nervoso central, como o surgimento de demência cognitiva, bem como o fato de que fármacos que danificam o DNA ou a radiação podem aumentar os riscos do aparecimento de outras células malignas no futuro (9). Para tanto, alterações de classificações, que indiquem também características histogenéticas, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), trouxeram bastante significância na avaliação das características próprias de cada tumor (14). Essa nova classificação incluiu mutações importantes bem como características moleculares para reclassificar tumores, ao padronizar os termos “tipo” e “subtipo” em vez de “entidade” e “variante”, respectivamente (15).
Dentre as observações dessa nova classificação, está a adoção de uma nova abordagem para classificar os Gliomas, Tumores Glioneuronais e Tumores Neuronais, sendo eles divididos em 6 famílias diferentes: Gliomas difusos do tipo adulto; Gliomas difusos de baixo grau do tipo pediátrico; Gliomas difusos de alto grau do tipo pediátrico; Gliomas astrocíticos circunscritos; Tumores glioneuronais e neuronais; e Ependimomas, em que se reconhece as distinções clínicas e moleculares entre os gliomas difusos que ocorrem principalmente em adultos e aqueles que ocorrem principalmente em crianças, divisão esta que deve ser um passo à frente na separação clara desses grupos de tumores biologicamente distintos (15). Portanto, esse trabalho tem como objetivo afirmar a importância, especialmente da Genética, na diferenciação de estudos e tratamentos de Gliomas de Alto Grau em Adultos e Crianças, reforçando a necessidade de elaboração de uma terapia específica e efetiva para Gliomas Pediátricos de Alto Grau e, justificar, com base em estudos genéticos, sua resistência aos tratamentos que são eficazes em Gliomas de Alto Grau em adultos.
GLIOMAS DE ALTO GRAU EM ADULTOS
I- Incidência, mortalidade e diagnóstico
Os gliomas caracterizam um dos tipos mais comuns de tumor do sistema nervoso central em todas as faixas etárias (16, 17), de forma que, em crianças, predominam os tumores de baixo grau, enquanto os gliomas difusos de alto grau são mais comuns em adultos (16, 17). Os gliomas de alto grau (HGGs) abrangem os graus 3 e 4 da OMS e são gliomas de crescimento rápido, que progridem agressivamente e demonstram sintomas graves, como prejuízo extenso na qualidade de vida, prejuízo cognitivo, alterações de memória, linguagem, aprendizado, entre outros (18, 19, 20).
Os dados referentes a esses tumores representaram 85% dentre os novos diagnósticos de tumores cerebrais, com incidência de 5/100.000 pessoas por ano na Europa e América do norte entre os anos de 2007 e 2011 (17, 18), com uma idade média diagnóstica entre 55 e 65 anos (20). Os dados de mortalidade e morbidade referentes aos Gliomas de Alto Grau em adultos (aHGGs) infelizmente permanecem pessimistas, apresentando sobrevida de apenas 15 meses em glioblastomas, subtipo mais comum dentre esses tumores (21).
As técnicas de imagem utilizadas incluem ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC), complementadas por biópsia, em que suas características histopatológicas e moleculares são utilizadas para classificação do tumor (22). O método diagnóstico mais utilizado é a ressonância magnética (20), porém, devido à falta de especificidade biológica para realce do contraste, os resultados podem ser falso-positivos, falso-negativos ou até mesmo inconclusivos (18, 23).
II- Histologia e aspectos da doença
A histologia tumoral é extremamente heterogênea, podendo se assemelhar morfologicamente a células astrocitárias, característica esta que praticamente inviabiliza a possibilidade de ressecção cirúrgica (24). Devido a essa heterogeneidade, a classificação voltada para a histopatologia desses tumores não é capaz de fornecer informações suficientes para estratificação do paciente, sendo a avaliação molecular extremamente relevante para esses tumores (24).
Tal heterogeneidade também é responsável por desafios clínicos persistentes no planejamento do tratamento (25). Embora cada grupo molecular seja composto por diversos subtipos histológicos, havendo uma relação de predominância entre características histológicas e moleculares determinadas, observa–se que as informações moleculares agregam valor prognóstico às histológicas, enquanto as características histológicas não agregam valor às moleculares (26). Ou seja, para um direcionamento terapêutico preciso, é necessária uma avaliação de ambos os parâmetros para determinação prognóstica coerente.
III- Microambiente cerebral
O microambiente tumoral que abrange tumores cerebrais em geral inclui desde células imunes derivadas periféricas até vários tipos de células especializadas residentes em órgãos, que contribuem para a complexa biologia do tumor (27). Exemplo importante dessa afirmativa inclui os macrófagos associados a tumores e microglia (TAMs), que fornecem fatores pró-tumorigênicos, e até mesmo neutrófilos, muitas vezes associados ao desenvolvimento de resistência terapêutica (27).
Além desse certeiro envolvimento das células imunes na sobrevivência tumoral, a angiogênese também é característica de inúmeros cânceres, sendo característica marcante em glioblastomas, por exemplo (18, 27). Em geral, a vasculatura do glioma de alto grau exibe perfusão, volume sanguíneo e permeabilidade aumentados em comparação com o tecido cerebral normal (18).
O principal gatilho da angiogênese tumoral está relacionado à via de liberação de HIF-1 (fator de hipóxia induzível 1) e cascatas de outros fatores pró-angiogênicos (18). Esse estado celular hipóxico simula a liberação desses fatores, (fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), fator de crescimento transformador-β (TGF-β), fatores de crescimento de fibroblastos (FGFs), angiopoietina-1 e fator de crescimento epidérmico (EGF)), levando à produção de novos vasos, fator este intimamente relacionado a progressão do tumor (28).
IV- Análise das principais mutações e alvos da doença
Diversos estudos apontam a presença de diferentes impressões moleculares em aHGGs, dentre as quais pode-se citar isocitrato desidrogenase (IDH) mutante, receptor de fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGFR), receptor do fator de crescimento endotelial vascular (VEGFR), receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), dentre outras (29). Dentro desse panorama, as alterações genéticas mais frequentes em receptores de tirosina quinase estão direcionadas primeiramente ao fator de crescimento epidérmico (EGFR), seguido pelo receptor A do fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGFRA) (30).
Outra alteração característica de aHGGs está associada às variantes da Isocitrato Desidrogenase (IDH1 e IDH2). A identificação dessas mutações frequentes em gliomas adultos teve grande importância atrelada ao tratamento dos tumores de alto grau, já que seu papel na patogênese induz, por meio de uma mutação de ganho de função, a hipermetilação do DNA (31).
A partir desse panorama de mutações, os principais alvos que estão relacionados a esses tumores e os respectivos fármacos estudados para terapêutica são: IDH, com estudos envolvendo AGI-5198 e HMS-101; PDGFR, com Imatinibe e Dasatinibe e VEGFR, cuja terapêutica está associada aos processos de angiogênese e heterogeneidade tumoral, com bevacizumabe (29).
GLIOMAS PEDIÁTRICOS DE ALTO GRAU
I- Incidência, mortalidade e diagnóstico
Os tumores do SNC são os principais responsáveis pelo câncer infantil (32). A incidência de tumores malignos no SNC em crianças de 0 a 14 anos é de aproximadamente 5,84 a cada 100.000 pessoas (33).
Embora relativamente raro na prática pediátrica, os pHGGs contribuem com cerca de 15% de todos gliomas diagnosticados na infância (34). Anualmente, pHGGs afetam 1.1-1.78 crianças a cada 100.000 indivíduos da mesma faixa etária (35). O desfecho em geral é bastante sombrio, visto que as taxas de sobrevida em 5 anos correspondem a menos de 20% (37). Ademais, os pHGGs são responsáveis por mais de 40% das mortes relacionadas a cânceres em crianças (35).
Em geral, as crianças com pHGG desenvolvem sintomas comuns a muitos tumores do SNC (36). A tomografia computadorizada sem contraste é uma ferramenta bastante empregada para o diagnóstico, no entanto, a ressonância magnética (RM) é a mais utilizada em função da sua capacidade de fornecer com precisão a localização do tumor e ajudar a direcionar o planejamento neurocirúrgico. A radiografia do tórax ou biópsia estereotáxica/intra-operatória também são utilizados para confirmar a localização da lesão e diferenciar a composição do tumor (38).
A natureza heterogênea observada em tumores gliais de alto grau pode convergir para um diagnóstico equivocado (39). Embora a RM seja essencial para o diagnóstico, ela não é capaz de diferenciar pHGGs de outros tumores pediátricos do SNC (40). Novas tecnologias de diagnóstico integrados aos perfis genéticos demonstraram ter um papel importante na obtenção do diagnóstico correto em cânceres do SNC, não sendo diferente para pHGGs (15).
II- Histologia e aspectos da doença
Histologicamente, os pHGGs são bastante similares aos gliomas de alto grau que ocorrem em adultos (41). De acordo com a classificação da OMS para tumores do SNC, os gliomas de alto grau abrangem o grau III (astrocitoma anaplásico) e IV (gliobastoma multiforme), sendo o grau IV clinicamente mais agressivo (42).
As características histológicas dos pHGGs incluem aumento da atividade mitótica, presença de núcleos atípicos, hipercelularidade e aumento de necrose ou angiogênese (43). As distribuições dos tumores de alto grau parecem variar entre as diferentes faixas etárias dado que, em adultos, os HGGs surgem principalmente no córtex cerebral, enquanto em crianças, esses tumores apresentam-se mais distribuídos (44).
Os sintomas mais comuns em pHGGs podem incluir convulsões, alterações visuais, dores de cabeça e déficits neurológicos (45). O aumento da pressão na miscrovasculatura responsável pelo surgimento do edema em pHGGs justifica a presença desses sintomas. Além disso, dependendo da localização do tumor no cérebro, diferentes alterações comportamentais podem ser observadas (45). Outrossim, em lactentes, alterações nos padrões alimentares costumam se manifestar com frequência (34).
Diferentes vias de sinalização relacionadas ao HGGs em adultos também foram observadas em pHGGs (46). Essas vias incluem os receptores do tipo tirosina quinase (RTK), as vias de sinalização MAPK/ERK e PI3K/AKT/mTOR ativadas por RAS e via de sinalização do retinoblastoma (RB) regulado por p53 (47). A superexpressão de AKT é comumente observada em gliomas pediátricos enquanto alterações em PI3K são mais observadas em gliomas adultos (48).
III- Microambiente cerebral na infância
Diante de um detalhamento do microambiente dos tumores cerebrais pediátricos, é possível perceber que a presença e a função dos componentes do estroma são menos compreendidas do que quando comparadas aos outros tumores sólidos (49). Múltiplas evidências indicam a célula precursora neural da linhagem oligodendroglial como possível responsável pela origem dos pHGGs (50).
Acredita-se que no cérebro, o estroma tumoral seja composto por células neuronais, astrócitos, elevada vasculatura e micróglia associada ao tumor. Entretanto, pouco se sabe sobre como esses fatores que afetam a maturação do estroma interagem entre si no contexto de um cérebro em desenvolvimento (51). No entanto, como parte do microambiente tumoral, as células imunes inatas que interagem com as células tumorais produzem fatores de crescimento, citocinas e quimiocinas que atuam suprimindo ou favorecendo o crescimento tumoral (52).
Pesquisas emergentes apontam a atividade neuronal elevada como determinante no comportamento das células de gliomas de tal modo que os padrões espaciais e temporais observados nos pHGGs coincidem com a mielinização presente no desenvolvimento do cérebro infantil (53). A hipótese de que a atividade excitatória neuronal estimula o crescimento de tumores promoveu estudos entre interações parácrinas estroma-tumor (54, 55).
Alguns desses estudos indicaram que a estimulação neuronal foi responsável pela secreção de neuroligina 3 solúvel (NLGN3) de células pós-sinápticas, que ativa a via PI3K/Akt-mTOR em células de glioma vizinhas (56, 57). A sinalização de NLGN3 estromal parece induzir a expressão de NLGN3 endógeno tumoral e promover o crescimento tumoral através de um mecanismo de retroalimentação (57). Presumivelmente, essas observações sugerem os mecanismos pelos quais o pHGG se utiliza da plasticidade do cérebro infantil para o seu desenvolvimento (58).
Outra questão bastante interessante no microambiente tumoral das pHGGs está atrelada à hipóxia, presente na grande maioria dos tumores sólidos (59). Apesar de deletéria em células saudáveis, células cancerígenas, em especial células-tronco tumorais, são capazes de sobreviver em ambientes hipóxicos extremos, reprogramar a expressão de genes envolvidos na proliferação celular, metabolismo e angiogênese, consequentemente, promovendo a expansão tumoral, resistência e adaptação metabólica (59)
IV- Análise das principais mutações e alvos da doença
Apesar da evidente diferença no perfil molecular, alterações genéticas e epigenéticas no pHGGs foram definidas através de análises direcionados a genes frequentemente mutados em HGGs adultos (38). No pHGG mutações missense na cauda H3 da histona K27M e G34R/V são responsáveis por afetar as variantes H3.3 e H3.1 da histona 3, que são codificadas pelos genes H3F3A e HIST1H3B (53). Até 50% dos pHGGs demonstram mutações somáticas nas variantes da cauda da histona H3 (60), sendo mutações histona K27M frequentemente encontrada em tumores que surgem no tálamo, ponte e medula, enquanto a mutação G34R/V é observado com maior frequência em tumores hemisféricos (61).
Mutações em outros reguladores epigenéticos, como os genes de remodelação da cromatina ATRX e DAXX foram observados em cerca de 15%-25% dos pHGGs (44). ATRX está altamente associado a gliomas de alto grau com mutação H3.3 G34R/V (62).
Embora a presença de mutações no gene H3 seja exclusividade em pHGGs, essas mutações correspondem apenas a metade dos casos (60). Diferentes mutações em sítios regulatórios do ciclo celular são observadas nos gliomas pediátricos (63). O ciclo celular é regulado pela proteína supressora de tumor p53 (responsável pela parada do ciclo celular e apoptose em resposta a danos ao DNA), complexo quinase dependente de ciclina-ciclina (CDK-ciclina) e inibidores do ciclo celular. No pHGGs, a via TP53 é uma das vias que se encontram frequentemente desregulada, correspondendo a aproximadamente 42%-70% dos gliomas pediátricos (44). Ademais, a superexpressão de p53 aparenta estar relacionada com pior prognóstico em pHGGs (64).
O complexo CDK atua permitindo a passagem da célula através do checkpoint G1 do ciclo celular (65). A superexpressão de CDKs em conjunto com a regulação negativa dos inibidores de CDK pode resultar na proliferação anormal e desenvolvimento do câncer (66). Diferentes mutações presentes nesse complexo já foram correlacionadas ao pHGGs, dentre os quais: CDK4, CDK6, CICLINA D1 e CICLINA D2 (38, 44).
Aberrações genéticas que codificam componentes da via MAPK são constantemente encontradas em pHGGs (44). Essas mutações incluem genes que codificam o receptor A do fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF-R) e os receptores do tipo tirosina quinase (RTKs). Outras mutações frequentemente encontradas em pHGGs associadas ao RTK são a amplificação do gene do fator de crescimento semelhante à insulina – receptor 1 (IGF1R), FGFR1 e do gene MET (37, 67). Outras alterações genéticas envolvendo a ativação das vias PI3K-MAPK da RTK que envolviam proteínas a jusante (NRAS, KRAS, BRAF e PIK3CA) já foram identificadas em diferentes pHGGs (32).
Cerca de 10-25% dos pacientes com pHGG possuem mutações BRAF V600E (44). A resistência tumoral em mutantes de BRAF é frequentemente devido a constante reativação da via de MAPK (68), inclusive, o uso de inibidores BRAF em pacientes com pHGG mutante para BRAF V600E demonstrou eficácia nos estudos realizados por Mark et al. (69).
Menos de 5% dos pHGGs possuem mutações em IDH1 e IDH2 (35, 70). Assim, embora mutações nesses genes possam alterar a classificação dos gliomas, eles possuem maior relação com os gliomas encontrados em adultos (70,71). Aparentemente, a mutação IDH1 está associada a um prognóstico mais favorável em indivíduos com mais de 14 anos (35).
O protocolo padrão no tratamento de gliomas infantis, quando inspirado nos adultos, confere ineficácia à adesão, com dados de mortalidade de 80% em até dois anos (59) decorrente dessas características únicas que compõem esses tumores na infância (72). No entanto, as crescentes descobertas genômicas em pHGGs aumentam as possibilidades de novas abordagens terapêuticas com objetivo de desenvolver métodos direcionados a possíveis vias defeituosas devido às mutações em suas moléculas precursoras (62). Novas investigações do perfil genético em pHGGs demonstram potencial muito promissor para a melhora da sobrevida global e qualidade de vida a longo prazo de crianças diagnosticadas com pHGGs (73).
CONCLUSÕES
As significativas diferenças que separam os gliomas de alto grau adulto e pediátrico estão cada vez mais evidentes através de estudos moleculares das referidas doenças, o que claramente interfere na abordagem terapêutica utilizada para cada tipo de tumor.
Mutações características em genes que codificam as histonas H3.3 e H3.1 apresentam perfil molecular diferenciado em Gliomas Infantis, sendo raramente apresentados em Gliomas Adultos, enquanto mutações nas variantes da isocitrato desidrogenase estão intimamente envolvidas ao mau prognóstico em tumores adultos.
A partir deste apanhado de dados documentados na literatura, é possível descrever diversas divergências entre esses tumores, justificando a extensa presença de resistência nos pHGGs em relação aos tratamentos preconizados para os aHGGs, que resultam na dificuldade de alcançar terapias eficazes e não tóxicas para os pacientes pediátricos.
Para ultrapassar tais obstáculos decorrentes de padrões genéticos diferenciados, são imprescindíveis mais estudos que tenham como fim explorar esse perfil genético especial dos tumores pediátricos, dada a sua relevância para o desenvolvimento da Medicina de Precisão para obtenção do correto tratamento dos Gliomas Pediátricos de Alto Grau.
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