AS INTERAÇÕES ENTRE A REVOLUCIONÁRIA NUTRIGENÔMICA E AS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS: A ALIMENTAÇÃO NO ÂMBITO DA SAÚDE E DA DOENÇA
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DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062046-16
Este trabalho foi escrito por:
Alessandra Sales da Costa ; Renato Antunes Pereira
*Alessandra Sales da Costa. Nutricionista. – Email: [email protected]
**Renato Antunes Pereira. Nutricionista. Professor da Fundação Educacional de Além Paraíba (FEAP) – Email: [email protected]
Resumo
A nutrigenômica é a ciência que estuda a associação entre os genes humanos e a alimentação. Os nutrientes e os compostos bioativos presentes nos alimentos influenciam a expressão gênica, podendo ou não resultar no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). O presente artigo faz um panorama sobre as interações existentes entre a revolucionária nutrigenômica e algumas doenças crônicas não transmissíveis objetivando a compreensão detalhada da genômica nutricional e suas influências na saúde e na doença, valorizando a intervenção dietética personalizada, em prol da profilaxia e do tratamento dessas patologias e, além disso, da promoção de saúde. A metodologia utilizada foi uma ampla revisão integrativa bibliográfica, a partir de artigos e livros. Concluiu-se que a nutrigenômica proporcionou uma revolução no âmbito da saúde, mas são necessários novos estudos.
Palavras-chave: doenças crônicas não transmissíveis; genômica; nutrição; nutrigenômica
INTRODUÇÃO
A transição nutricional e epidemiológica, em associação com a demográfica, proporcionou um novo cenário em termos de mortalidades e morbidades, resultando em um impacto diferente na saúde. A carga genética colabora com o desenvolvimento do quadro de morbimortalidades, contudo, há estudos que demonstram que os fatores ambientais também possuem um significativo papel deletério (1).
A partir dos avanços tecnológicos, da urbanização, da industrialização e da globalização, houve uma transição da desnutrição e das doenças infecciosas para o excesso de peso (sobrepeso e obesidade) e as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), resultantes da nova cultura alimentar (1).
As DCNT caracterizam-se por apresentarem etiologias múltiplas e diversos fatores de risco, origem não-infecciosa, longos períodos de latência, curso prolongado, associando-se com as incapacidades e as deficiências funcionais. Além disso, participam do grupo de doenças de maior magnitude no Brasil atingindo, principalmente, as populações vulneráveis, ou seja, com baixa escolaridade e com baixa renda, visto que o país apresenta desigualdades socioeconômicas (2, 3).
A nutrigenômica é a ciência que estuda as relações existentes entre os genes humanos e um fator ambiental específico que acompanha os indivíduos ao longo da vida: a alimentação. Os nutrientes e os compostos bioativos presentes nos alimentos influenciam a expressão gênica, dando origem aos polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNP), podendo ou não resultar no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (4).
Com a finalidade de um estudo aprofundado, o presente artigo fez um panorama sobre as interações entre a revolucionária nutrigenômica e algumas doenças crônicas não transmissíveis, especificamente: o câncer, as doenças cardiovasculares e o diabetes mellitus tipo 2, objetivando a compreensão detalhada da genômica nutricional e suas influências na saúde e na doença, valorizando a intervenção dietética personalizada, em prol da profilaxia e do tratamento dessas patologias e, além disso, da promoção de saúde.
A metodologia utilizada foi uma ampla revisão integrativa bibliográfica formada por levantamentos de dados científicos encontrados em artigos e livros. As pesquisas dos artigos foram realizadas por meio de bases de dados como o Scielo, o PubMed e o Google Acadêmico. Foram consultados artigos de 2002 a 2022 e selecionados os que apresentaram maior relevância, contribuindo para o aprendizado sobre o tema.
1. A REVOLUCIONÁRIA NUTRIGENÔMICA
1.1 Genética e Nutrição
Em 1953, James Watson e Francis Crick determinaram que a base genética é construída a partir das sequências de bases do genoma, na forma dos ácidos nucleicos como o ácido desoxirribonucleico (DNA), uma molécula que apresenta uma estrutura de dupla-hélice, sendo formada de duas fitas de subunidades de nucleotídeos conectadas por ligações de hidrogênio, em que cada subunidade possui um fostafato, o açúcar desoxirribose e uma das quatro bases nitrogenadas: adenina (A), tiamina (T), guanina (G) e citosina (C). Esse arranjo linear, formado a partir da disposição desses nucleotídeos lado a lado, determina as informações que serão codificadas em um segmento de DNA, que resulta na síntese de uma proteína ou RNA funcional (5, 6).
A codificação da informação presente no DNA ocorre através do método de transcrição, em que a enzima polimerase do ácido ribonucleico (RNA polimerase) sintetiza o DNA em uma nova molécula intermediária denominada RNA mensageiro. Após esse processo, inicia-se a etapa de tradução, na qual a informação codificada no RNA mensageiro direciona-se à montagem dos aminoácidos para que obtenha-se a molécula de proteína (6).
Uma sequência de nucleotídeos do DNA é denominada gene. Em 1961, François Jacob e Jacques Monod demonstraram, através de estudos, que os genes apresentam elementos regulatórios que comandam a expressão gênica. Esse processo ocorre por meio de uma proteína regulatória que se une a um gene, atuando como repressora ou ativadora de suas informações (5, 6).
Segundo Conti (7) e Safraid et al. (8), diversos alimentos, além das funções nutricionais básicas, são responsáveis pela construção de novos hábitos alimentares mais saudáveis e geram efeitos benéficos para a saúde a longo prazo, sendo considerados alimentos com propriedades funcionais.
A partir do aprofundamento dos estudos genéticos, surge o Projeto Genoma Humano, que revolucionou a área da saúde.
O Projeto Genoma Humano, concluído em 2003, surgiu do esforço de muitos países que se uniram em prol da identificação de cada um dos nucleotídeos existentes no DNA, aumentando substancialmente o conhecimento sobre como alguns fatores ambientais atuam nas variações do DNA (6).
Através do desenvolvimento do Projeto Genoma Humano e dos métodos e procedimentos da biologia molecular, novos avanços tecnológicos reforçaram o conhecimento de que a alimentação pode influenciar na expressão de determinados genes, de acordo com a variabilidade genômica de cada indivíduo (9).
De acordo com Conti et al. (10), o genoma do ser humano é 99,9% idêntico, sendo 0,1% de diferença, responsável pelas alterações no fenótipo, ou seja, nos aspectos físicos como a cor dos olhos, do cabelo, da pele, inclusive pelo maior ou menor risco de desenvolvimento de doenças crônicas e pela necessidade existente de determinados compostos bioativos e nutrientes, e essas diferenças são conhecidas como polimorfismos de nucleotídeos únicos (single-nucleotide polymorphism, SNP). Em alguns casos, os SNP resultam em alterações nos processos fisiológicos de digestão e metabolismo, a partir de modificações na função, na estrutura, na localização e na quantidade de proteínas codificadoras, influenciando nas respostas aos alimentos, nas necessidades nutricionais e nos riscos de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
Na era pós-genômica, o objetivo é compreender a atuação dos fatores ambientais, desde a fase intrauterina, como o estresse, o uso de medicamentos, o tabagismo, a ingestão de bebida alcoólica, a poluição, a atividade física e, principalmente, a alimentação, que acompanha, ao longo da vida, todos os indivíduos (7).
A nutrição vem conquistando espaço e ganhando força, associando-se com a integração de análises e descobertas genéticas e, consequentemente, construindo novos horizontes com amplas possibilidades na área da alimentação (9). O perfil genético individual é uma informação importante para que estabeleça-se uma nutrição personalizada e obtenha-se uma diminuição no risco de DCNT (7).
1.2 Nutrigenômica
A partir da combinação entre a genômica e a alimentação, surge a nutrigenômica com o objetivo de compreender as funcionalidades dos genes e as suas interações com a alimentação, para que ocorra a prevenção do risco de DCNT e, consequentemente, a promoção de saúde (7).
A nutrigenômica busca compreender, através de estudos cada vez mais avançados, os efeitos dos nutrientes e dos compostos bioativos presentes nos alimentos sobre a modulação gênica. Essa ciência engloba outras duas ciências: a nutrigenética e a epigenética. A nutrigenética estuda sobre como as variações genéticas de cada indivíduo, frente a um alimento, formam respostas e afetam o funcionamento do organismo. A epigenética estuda os efeitos gerados pelos fatores ambientais sobre as alterações no desempenho do genoma, influenciando nos resultados finais, ou seja, controlando se os genes podem ser expressos, através do ligamento ou do desligamento dos mesmos, e esse processo é conhecido como regulação gênica (6, 11).
Segundo Conti (7), a nutrigenômica pode ser compreendida como uma ciência na qual a alimentação pode influenciar a atividade dos genes, assim como os genes podem influenciar a necessidade dos nutrientes, e ambos podem influenciar no estado de saúde do indivíduo, conforme exemplifica a Figura 1.
No interior da área da nutrigenômica, formam-se subáreas, ou seja, outras ômicas: a transcriptômica que estuda os produtos da transcrição, o RNA mensageiro e as suas modificações frente a um nutriente ou a um composto bioativo; a proteômica que analisa e identifica o conjunto de proteínas codificadas em cada gene, compreendendo as funcionalidades de cada uma delas e as alterações evidenciadas a partir da presença ou da ausência de nutrientes bioativos; a metabolômica que verifica os metabólitos importantes para a monitorização da condição de saúde, analisando o controle do transporte dos nutrientes e dos produtos do metabolismo em suas rotas bioquímicas (6, 9).
Os alimentos e seus componentes bioativos são responsáveis pelas modificações na expressão gênica, de um modo dinâmico e constante, em prol da manutenção do estado de equilíbrio do organismo, considerando todas as etapas presentes no ciclo da vida (11).
2. INFLUÊNCIAS DA NUTRIGENÔMICA NA SAÚDE E NA DOENÇA
Diferentemente dos fármacos, que agem em vias específicas, os nutrientes e os compostos bioativos atuam de maneira sinérgica, por estarem presentes em diversas combinações de alimentos, e apresentam múltiplos alvos moleculares (7).
Os nutracêuticos consistem em uma diversidade de compostos bioativos encontrados em alimentos que são responsáveis pelos efeitos benéficos na saúde, agindo no tratamento e na prevenção das DCNT, visto que são comprovadamente eficazes como agentes antioxidantes e anti-inflamatórios, influenciando na modulação da expressão gênica dos indivíduos. As moléculas lipofílicas, de pequeno peso molecular, adentram nas membranas celulares, ligando-se aos fatores de transcrição que controlam a expressão dos genes, como por exemplo: as catequinas presentes no chocolate amargo e no chá, e o resveratrol presente na casca da uva. As moléculas hidrofílicas, de grande peso molecular, comunicam-se através da transdução de sinal, a partir de interações com as proteínas dos receptores das membranas celulares, iniciando uma cascata de reações bioquímicas e resultando em fatores de transcrição que interagem com o DNA e alteram a expressão gênica, como por exemplo: os sulforanos e outros glucosinolatos encontrados nos vegetais que pertencem à família do repolho (12,13).
As influências genéticas e epigenéticas resultam na fisiopatologia das DCNT. O processo inflamatório prolongado é o denominador comum de todas essas patologias. O estilo de vida e a nutrição são moduladores da inflamação (6).
Os ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 reduzem o processo inflamatório, modulando a biossíntese dos eicosanóides anti-inflamatórios, reprimindo a expressão gênica relacionada com a síntese de citocinas inflamatórias, como os genes de interleucina-I e de fator de necrose tumoral alfa. Os pesquisadores continuam buscando, de forma ativa, os estudos de circunstâncias em que o ômega-3 possa ser empregado com o intuito de diminuir os processos inflamatórios e de aumentar a sensibilidade à insulina (6, 14).
A alimentação, em alguns casos, pode ser um agravante para a formação de patologias e, devido a isso, é importante conhecer as alterações intracelulares na presença desses alimentos e a interação existente entre eles com a transcriptômica e a metabolômica, objetivando à personalização dos efeitos da dieta e à correção do metabolismo (15).
Ainda que por um custo elevado, o que é um ponto negativo em relação ao acesso popular ao exame, é tecnicamente executável e cientificamente aceitável realizar o sequenciamento do genoma humano (7) visto que a ação de identificação dos mecanismos bioquímicos e genéticos sustentam uma base para que ocorra o desenvolvimento das estratégias de prevenção através de uma intervenção dietética individualizada (6).
3. GENÔMICA NUTRICIONAL E DOENÇAS CRÔNICAS
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 74% dos óbitos no mundo. Os fatores de risco podem ser não modificaveis (idade, sexo e herança genética) e/ou modificáveis (alimentação, tabagismo, inatividade física, consumo excessivo de álcool e de outras drogas), sendo potencializados pelos fatores condicionantes culturais, socioeconômicos e ambientais, aumentando o risco de gerar perda da qualidade de vida com limitações nas atividades de lazer e de trabalho, mortes prematuras, impactos econômicos negativos para a sociedade em geral, agravando as injustiças derivadas das desigualdades socioeconômicas e aumentando o nível de pobreza (2, 6, 16).
A nutrigenômica possui um papel importante na incidência, na progressão e/ou na gravidade das DCNT. A partir disso, entende-se que a alimentação atua prevenindo ou acelerando o desenvolvimento de doenças, sendo importante intervenções amplas na promoção de saúde (7).
É necessário identificar os genes que interagem entre si e com o ambiente, e que portanto contribuem para o início e a progressão das patologias crônicas, e compreender a regulação da expressão gênica através de componentes alimentares. Alguns estudos demonstram a relação existente entre as DCNT, a expressão gênica e a alimentação, contribuindo para novas descobertas de prevenção e tratamento no âmbito da saúde (6).
3.1 Câncer
O câncer é considerado uma DCNT que corresponde a alterações genéticas, proporcionando um descontrole dos mecanismos do ciclo celular e, consequentemente, uma perda das funções celulares. As mutações somáticas em genes controlam os proto-oncogenes, que são responsáveis pela estimulação do ciclo da proliferação de células a partir do processo de divisão celular, e os genes supressores de tumor, que são responsáveis pela inibição dessas divisões celulares. Os proto-oncogenes, através de mutações, podem se tornar oncogenes, causando uma multiplicação celular excessiva. Os genes supressores de tumor, ao serem inativados, favorecem o desenvolvimento de câncer (17, 18).
Os antioxidantes (vitamina C, vitamina E, vitamina A e os carotenóides, selênio e zinco), os compostos bioativos (licopeno, antocianinas, polifenóis, alfa, betacarotenos, criptoxantina, flavonoides, luteína, zeaxantina, sulforanos, indóis e sulfetos alílicos), conforme exemplifica detalhadamente a Tabela 1, e alguns outros nutrientes (cálcio, ácidos graxos essenciais e ácido fólico) podem influenciar as principais vias de sinalização desreguladas atuando como inibidores de carcinógenos, prevenindo diversos tipos de câncer. A vias incluem: o reparo de DNA, o metabolismo carcinogênico, a sinalização celular, a proliferação celular, o controle do ciclo celular, a apoptose, o equilíbrio hormonal, a inflamação, a diferenciação, o desequilíbrio da razão oxidante/antioxidante e a angiogênese (6, 19). O sulforano, presente no brócolis, estimula a expressão de genes muito importantes para o processo de defesa celular de compostos químicos tóxicos ao organismo, sendo considerado um composto bioativo com função anticancerígena, atuando com um efeito protetor (7).
Tabela 1 – Fitoquímicos em Vegetais e Frutas que Podem Ter Propriedades Protetoras contra o Câncer
Cor | Fitoquímico | Vegetais e frutas |
Vermelha | Licopeno | Tomate e produtos à base de tomate, toranja rosa, melancia |
Vermelha e roxa | Antocianinas, polifenóis | Framboesa, amora, uvas, vinho tinto, ameixas |
Laranja | Alfa e betacarotenos | Cenouras, mangas, abóbora |
Laranja e amarela | Criptoxantina, flavonoides | Melão, pêssegos, laranjas, mamão papaia, nectarinas |
Amarela e verde | Luteína, zeaxantina | Espinafre, abacate, melão, couve e nabo, verduras, aspargo |
Verde | Sulforanos, indóis | Repolho, brócolis, couve-de-bruxelas, couve-flor |
Branca e verde | Sulfetos alílicos | Alho-poró, cebola, alho, cebolinha |
Fonte: Mahan; Raymond (6)
Por outro lado, os intensificadores dietéticos de carcinogênese incluem os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP) formados nas superfícies das carnes que são grelhadas em altas temperaturas e nas gorduras presentes nas carnes vermelhas. As carnes processadas de cor rosada são compostas por nitratos, adicionados como conservantes, e esses nitratos são reduzidos a nitritos, interagindo com as aminas e as amidas, formando os compostos N-nitrosos (CON): as nitrosaminas e as nitrosamidas, que são mutágenos e carcinógenos (6).
Os intensificadores dietéticos de carcinogênese promovem um microambiente nutricional desordenado nos níveis molecular e celular, resultando em um ambiente propício ao acúmulo de danos nos DNA e, portanto, ao desenvolvimento e à progressão de alguns tipos de câncer (18).
Entende-se que a alimentação é determinante no prognóstico da neoplasia e os compostos bioativos presentes nos alimentos atuam como agente protetores contra o desenvolvimento de câncer. Contudo, enfatiza-se a importância da criação de programas de saúde individuais, ou seja, com intervenções específicas para cada pessoa, objetivando a obtenção de melhores respostas e a diminuição do índice de mortalidade (20).
3.2 Doenças Cardiovasculares
A doença cardiovascular constitui um grupo de doenças que possuem uma inter-relação e, em muitos casos, uma coexistência. Essas doenças são: a aterosclerose, a dislipidemia, a hipertensão arterial, a insuficiência cardíaca, a doença arterial coronariana, a doença vascular periférica e a doença cardíaca isquêmica. Alguns fatores de risco proporcionam o desenvolvimento ou o agravamento dessas doenças como a idade, o sexo, os antecedentes familiares e genéticos, a obesidade, a alimentação inadequada, o sedentarismo, o estresse, o sono insuficiente, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e a presença de outras DCNT (6).
A identificação das associações existentes entre os genes e a dieta para a doença cardiovascular e o estudo das influências do consumo de determinados alimentos na profilaxia e no tratamento dessa DCNT são uns dos principais focos da nutrigenômica. O objetivo do tratamento é reduzir as altas concentrações plasmáticas de colesterol-LDL e os triglicerídeos, e elevar o colesterol-HDL, a partir de uma alimentação com baixo teor de gorduras saturadas e trans, e com um alto teor de gorduras poliinsaturadas. O genótipo é um fator importante e deve ser considerado através de uma combinação com a intervenção dietética (6).
Indivíduos com o SNP no gene PPARγ, que faz parte do controle das concentrações séricas de triacilglicerol, apresentam maiores concentrações de triacilglicerol do que aqueles com a ausência dessa alteração genética. É importante compreender as consequências metabólicas desse polimorfismo específico com o objetivo de identificar o indivíduo que deve ter cautela ao consumir gorduras, principalmente as saturadas e as trans, para evitar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (7).
Conti (7) ressalta a presença de um outro SNP encontrado no gene APOA1, relacionado ao colesterol-HDL. Os indivíduos que não possuem esse polimorfismo e consomem ácidos graxos poliinsaturados, como o ômega-3, aumentam a concentração sérica do colesterol-HDL, considerado o “bom colesterol”. Os outros indivíduos que apresentam alterações genéticas, obtêm uma diminuição desse biomarcador lipídico. Compreende-se, portanto, que as intervenções dietéticas são interindividuais, com a presença de diferenças nas respostas à dieta e na efetividade.
A proposta alimentar chamada Dieta das Abordagens Dietéticas para Interromper a Hipertensão (Dietary Approaches to Stop Hypertension – DASH) foi desenvolvida na década de 90 e, de acordo com pesquisas realizadas por norte-americanos, consiste em uma importante medida eficaz para o controle dos níveis pressóricos, sendo composta por frutas, verduras, legumes, oleaginosas, grãos integrais, carnes magras e laticínios sem gordura ou com pouca gordura, resultando em uma alimentação rica em minerais como cálcio, magnésio, potássio e fibras, e pobre em lipídeos. Esses nutrientes, quando combinados, previnem o aumento da pressão arterial sistólica e diastólica. Sendo assim, essa estratégia previne a hipertensão arterial sistêmica (HAS), propicia a melhora da qualidade de vida no paciente hipertenso, evitando a evolução do seu quadro e, consequentemente, reduzindo a incidência de doenças cardiovasculares (6, 21).
Os flavonoides possuem propriedades antioxidantes e diversos estudos apresentam o efeito cardioprotetor dessa substância fenólica, resultando na peroxidação lipídica das lipoproteínas e na redução do colesterol-LDL. Alguns estudos analisados demonstram que há uma influência positiva dos flavonóides do cacau na profilaxia e no tratamento de doenças cardiovasculares, devido ao seu potencial vasodilatador, antioxidante e anti-inflamatório. Entretanto, são necessários novos estudos sobre os protocolos de intervenção concretos e válidos desse nutriente, sobre a sua recomendação, para que ele exerça a função (22, 23).
3.3 Diabetes Mellitus tipo 2
O diabetes mellitus tipo 2 é uma doença endócrina caracterizada pela alta concentração sanguínea de glicose. Essa hiperglicemia resulta de defeitos na secreção da insulina, na ação da insulina ou em ambos. A decorrente má captação de glicose é uma consequência da resistência dos tecidos à insulina, que está relacionada a fatores genéticos, à idade avançada, à obesidade intra-abdominal, aos hábitos alimentares não adequados e ao sedentarismo (6).
Muitos estudos indicam a relação da dieta mediterrânea com a redução da incidência do diabetes mellitus tipo 2. O padrão alimentar mediterrânico é caracterizado por um maior consumo de alimentos de origem vegetal como frutas frescas e secas, verduras, legumes, cereais integrais, leguminosas, oleaginosas, azeite extra-virgem e doses moderadas de vinho; um consumo frequente de peixes; um menor consumo de carnes vermelhas; um consumo moderado de laticínios desnatados. Dessa forma, resulta-se em uma alimentação rica em fibras, vitaminas, minerais e compostos bioativos (6, 24, 25).
Orteza-Azorín (26) demonstrou, através de um estudo, a existência de uma interação gene-dieta consistente com a adesão à dieta mediterrânea, ou seja, a associação dos polimorfismos FTO -rs9939609 e MC4R -rs17782313 com o diabetes mellitus tipo 2 depende da dieta mediterrânea. A alta adesão à dieta mediterrânea resulta em uma neutralização da predisposição genética a essa doença endócrina.
As antocianinas, que são flavonóides responsáveis pelas cores roxo, vermelho e azul nas frutas, nos vegetais e nas flores, estão presentes no milho roxo. Uma pesquisa explicitou que as antocianinas presentes no milho roxo são capazes de melhorar a secreção da insulina nas células pancreáticas e a captação hepática de glicose nos hepatócitos, a partir da ativação do receptor de ácidos graxos livres-1 (FFAR1) e da glucoquinase (GK), respectivamente, prevenindo o diabetes mellitus tipo 2 e reduzindo potencialmente o risco de evolução das suas comorbidades (27).
Um estudo demonstrou que baixas concentrações de gorduras saturadas no plasma estão relacionadas com uma menor resistência à insulina em indivíduos com síndrome metabólica (SM), portadores dos alelos rs10920533 em AdipoR1 e rs266729 no gene da adiponectina. Portanto, a redução do consumo de ácidos graxos saturados, nesses indivíduos, melhoraria a sensibilidade à insulina (28).
Um outro estudo foi realizado com pacientes que apresentavam alteração na glicemia de jejum ou diagnóstico recente de diabetes mellitus tipo 2 e concluiu que o grupo que recebeu leguminosas e grãos integrais manifestou um aumento na apolipoproteína AV e uma diminuição nos níveis de triglicerídeos e de glicose (29).
As desordens neuro-hormonais e energéticas resultantes da obesidade podem induzir em anormalidades no metabolismo lipídico, hiperinsulinemia e resistência à insulina. Estudos têm demonstrado a importância do consumo da proteína isolada da soja associada às isoflavonas (daidzeína e genisteína) e à linhaça rica em lignanas, possuindo efeitos benéficos no metabolismo dos lipídios, do açúcar e dos hormônios, reduzindo os níveis de insulina sérica e a resistência à insulina (30). Um estudo apontou que a ingestão de uma baixa quantidade de soja, diariamente, contendo apenas 12,95 g, foi bem tolerada pelos pacientes estudados e, além disso, proporcionou uma melhora em relação à resistência à insulina, aos níveis de adiponectina e de colesterol-HDL (31).
Conclusão
A partir da presente revisão da literatura, conclui-se, portanto, que a nutrigenômica proporcionou uma revolução no âmbito da saúde. Essa associação entre a genômica e a nutrição demonstrou a importância da alimentação, a sua relação com o genoma humano e com o estado de saúde de cada indivíduo.
De acordo com os estudos científicos, as DCNT são multifatoriais, ou seja, existem interligações complexas entre os fatores genéticos e os ambientais. A alimentação, que acompanha todos os indivíduos desde a fase intrauterina, é um fator ambiental de ampla relevância que atua efetivamente na profilaxia e no tratamento dessas doenças.
O perfil genético é individual e, consequentemente, as intervenções dietéticas devem estar associadas à nutrição personalizada para que os nutrientes e os compostos bioativos presentes nos alimentos possam atuar efetivamente, realizando suas funções.
O teste nutrigenético é uma ferramenta de aplicabilidade da nutrigenômica em aspectos práticos. Apesar de ainda possuir limitações, ao ser realizado apenas no setor privado, e por possuir custos elevados, que resultam em uma baixa acessibilidade igualitária, o desenvolvimento do sequenciamento do genoma é viável e plausível.
A nutrigenômica e as suas interações com as DCNT correspondem há um tema recente e necessita, cada vez mais, de novos estudos sobre os SNP, os genes específicos e os compostos bioativos, em prol de um apoio ao acesso ilimitado do teste nutrigenético, inclusive no setor público, e da promoção de saúde.
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