A SÍNDROME PÓS-COVID-19
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Capítulo de livro publicado no Livro da IV Mostra dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Especialização em Vigilância Laboratorial em Saúde Pública. Para acessa-lo clique aqui.
doi.org/10.53934/9786599965821-12
Este trabalho foi escrito por:
Luiza Marit de Jesus1; Gabriela Bastos Cabral2
1 Estudante do Curso de Especialização em Vigilância Laboratorial em Saúde Pública –IAL – Regional Santos; E-mail: [email protected]
2 Biomédica do Núcleo de Ciências Biomédicas – IAL – Regional Santos.
Resumo: Cerca de 10 a 20% dos infectados pela COVID-19 apresentam sintomas da COVID longa. Os sintomas são diversos, afetando múltiplos órgãos, como respiratório, cardiovascular, neurológico, renal, gastrointestinal e até dermatológico. Através de um estudo de revisão bibliográfica foi possível caracterizar as principais complicações pós- COVID-19 e sua fisiopatologia. A fadiga foi o sintoma mais comum relatado nos estudos, seguida por falta de ar, tosse e dores musculares. Complicações neurológicas e psiquiátricas também estão entre as manifestações extrapulmonares mais prevalentes da pós-COVID. Os fatores de risco para COVID longa são: sexo feminino, comorbidades pré-existentes, pessoas que não tomaram a vacina, casos graves de COVID-19 e pacientes mais idosos. Crianças que tiveram a síndrome podem apresentar uma condição rara chamada de Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Crianças (MIS-C). Os casos de síndrome pós-COVID-19 estão aumentando constantemente no mundo todo. E uma melhor compreensão da COVID longa é essencial para identificar e avaliar medidas para prevenir e tratar esses sintomas de longo prazo.
Palavras–chave: COVID-19, infecção persistente, infecções por coronavírus.
INTRODUÇÃO
Em dezembro de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi alertada sobre diversos casos de pneumonia aguda na cidade de WuHan, na província de Hubei, na China. A doença foi identificada como uma nova cepa de coronavírus e foi nomeada como COVID- 19, uma infecção respiratória aguda grave, causada pelo vírus SARS-CoV-2 (OPAS, 2021). Esse vírus se disseminou mundialmente com rapidez devida sua alta transmissibilidade, obrigando a OMS a declarar o surto global de COVID-19 como uma pandemia, em março de 2020. Desde então, essa pandemia já foi responsável por mais de 600 milhões de casos confirmados de COVID-19, incluindo mais de 6 milhões de mortes ao redor do mundo (WHO, 2022).
A pandemia de COVID-19 ainda não está controlada, e o mundo tem que lidar com suas consequências. Há inúmeros casos de pacientes que contraíram a doença e tiveram persistência dos sintomas mesmo após sua recuperação, segundo relatos de literatura. Foi observado que a infecção passou a afetar múltiplos órgãos, descrevendo uma série de sintomas respiratórios, cardíacos, renais, neurológicos e psiquiátricos. (DESAI et al., 2022; MEHANDRU & MERAD, 2022).
Esses sintomas prolongados da doença, denominado como “COVID de longa duração”, “COVID longa” ou “Síndrome pós-COVID-19”, estão sendo cada vez mais
frequentes. À medida que a pandemia do COVID-19 progride, consequentemente o número de casos de pessoas com COVID longa aumentam da mesma forma, tornando-se assim uma nova preocupação para saúde pública mundial (BRIGHTLING & EVANS, 2022).
Este estudo reúne informações sobre a Síndrome pós-COVID-19, permitindo compreender melhor os mecanismos do vírus e as consequências causadas no corpo humano.
MATERIAL E MÉTODOS
Estudo de revisão bibliográfica, sobre a Síndrome pós-COVID-19. Para realização desta pesquisa, foi feita a busca de dados já publicados, utilizando como fonte as seguintes bases de dados de saúde: Google Acadêmico e National Center for Biotechnology Information (NCBI – PubMed). Foram utilizadas as palavras-chaves em português e inglês: COVID-19, COVID longa e síndrome pós-COVID-19. Após o levantamento do material foram selecionados artigos entre os anos de 2020 a 2022.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A OMS estimou que 10 a 20% dos pacientes com COVID-19 apresentaram sintomas prolongados por meses após a infecção. Não se sabe ainda os mecanismos exatos responsáveis pelas complicações pós-COVID, mas existem alguns meios fisiopatológicos do vírus que podem ser os responsáveis por essas condições em longo prazo. Após o vírus adentrar o copo humano e atingir o sistema imunológico, ocorre um processo chamado de “tempestade inflamatória”, no qual, ocorre a liberação de citocinas pró-inflamatórias como IL-1 (Interleucina 1) e TNF-α (Fator de Necrose Tumoral Alfa). Esse fenômeno possui um potencial para lesionar outros órgãos e tecidos, causando assim, infecções extrapulmonares (LÜSCHER, 2020; WHO, 2022).
Os casos de sintomas pós-COVID estão crescendo constantemente, de acordo com o estudo realizado por Sykes et al. (2021), dos 134 pacientes que atenderam os critérios de pesquisa, 86% relataram pelo menos um sintoma persistente após a infecção por COVID-19. Já em um estudo de Carfì et al. (2020), de um total de 143 pacientes, foram acompanhados sendo que 32% apresentaram um ou dois sintomas e 55% apresentaram três ou mais, após dois meses do início dos sintomas.
Apesar dos sintomas prolongados causados pela COVID-19 afetarem múltiplos órgãos, as manifestações mais frequentes são respiratórias, cardiovasculares e neurológicas. Os sintomas podem variar desde os mais comuns, como tosse, fadiga, dor de cabeça, perda de memória, dificuldade de concentração, distúrbios do sono, até os sintomas mais graves, como doenças tromboembólicas venosas, miocardite, insuficiência cardíaca aguda, além de ansiedade e depressão (AHMAD et al., 2021; MIRANDA et al., 2022; MEHANDRU & MERAD, 2022).
Muitas sequelas pulmonares de longo prazo foram relatadas após a infecção por COVID-19 (DESAI et al., 2022). Segundo Boutou et al. (2021), manifestações como dispneia, dependência de ventilador, dependência de oxigênio, anormalidades no teste de função pulmonar (PFT) e doença pulmonar fibrótica foram relatados após a doença. A dispneia é o sintoma pulmonar mais comum relatado após a infecção por COVID-19 leve ou grave, podendo persistir em 72,9% a 53% dos pacientes por aproximadamente dois meses após o início dos sintomas (GARRIGUES et al., 2020; HALPIN et al., 2021). Anormalidades radiográficas também foram observadas em um número de casos
significativos de pacientes que se recuperaram da COVID-19 (HUANG et al., 2021; VAN GASSEL et al., 2020; ZHAO et al., 2020).
Os sintomas cardíacos são uma queixa comum após a recuperação da COVID-19. Há evidência que a COVID longa causa lesões cardíacas, gerando complicações como, insuficiência cardíaca, miocardite, palpitações no peito, trombose e disfunção cardíaca. A miocardite e arritmia são as complicações cardiovasculares mais frequentes em pacientes que tiveram COVID-19 (SEYEDALINAGHI et al., 2020).
Através do estudo de Puntmann et al. (2020), o exame de ressonância magnética cardíaca (RMC) realizado em 100 pacientes recuperados da infecção de COVID, sendo que 67 (67%) se recuperaram em casa, enquanto 33 (33%) precisaram de hospitalização, resultou em um total de 78 (78%) pacientes com uma anormalidade nas imagens de RMC, sendo que as mais prevalentes foram a inflamação miocárdica detectada em 60 (60%) dos pacientes, independente de condições preexistentes e a gravidade da infecção.
As complicações neurológicas e psiquiátricas estão entre as manifestações extrapulmonares mais prevalentes da COVID, afetando mais de 30% dos pacientes (MAO et al., 2020). Entre as manifestações neuropsiquiátricas, cefaleia, distúrbio do sono, “nevoeiro cerebral”, ansiedade e depressão, foram observadas com maior frequência em pacientes que se recuperaram da doença (AHMAD et al., 2021; ASADI-POOYA et al., 2022; MIRANDA et al., 2022).
Para compreender melhor as consequências neurológicas do COVID-19, foi realizada uma ampla investigação, feita por Crunfli et al. (2022), trata-se de um estudo brasileiro da UNICAMP em parceria com a USP. Após analisar o exame de ressonância magnética de 81 indivíduos diagnosticados com infecção leve por COVID-19 e comparar com o exame de 81 voluntários saudáveis, foi possível observar uma redução na espessura cortical exclusivamente no hemisfério esquerdo, incluindo o giro reto esquerdo, giro temporal superior, giro sulco temporal e sulco colateral transverso posterior.
Além disso, o estudo foi composto por análise de tecido cerebral de pessoas que foram a óbito por COVID-19 e de material produzido com células-tronco, e com isso, foi possível identificar que as células alvo do SARS-CoV-2 são os astrócitos. Essas células são responsáveis pela sustentação dos neurônios, que após serem infectadas pelo vírus causam a disfunção neuronal ou até a morte do neurônio (CRUNFLI et al., 2022).
Um dos fatores importantes é o perfil de pacientes mais suscetíveis à síndrome pós- COVID-19. Alguns estudos mostram que pessoas com comorbidades tem tendência a desenvolverem os sintomas da síndrome pós-COVID-19 por um maior período de tempo, como é o caso do estudo de Miranda et al. (2022), onde demonstrou que pacientes com comorbidades como: hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatia, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica e em fumante e/ou alcoólatra, teve a duração média maior dos sintomas do que em pacientes sem comorbidades.
Em relação à faixa etária, alguns estudos reforçam que pacientes com mais idade estão propícios a terem sintomas mais graves, levando a um período pós-COVID-19 mais longo (MIRANDA et al., 2022; SUDRE et al., 2021). Mas apesar dessa prevalência, qualquer pessoa pode desenvolver a COVID longa, como também já foi relatado em outros estudos.
Estudos demonstram que o acometimento da COVID longa é superior em mulheres em relação aos homens. De acordo com o estudo de Sykes et al. (2021), as mulheres eram significativamente mais propensas a relatar sintomas prolongados de ansiedade, fadiga, mialgia e distúrbio do sono. Em outro estudo, Halpin et al. (2021), também apresentou essa
predominância, 54,3% das mulheres tiveram queixas de fadiga, em comparação com 29,6% dos homens.
As evidências de COVID longa em crianças e adolescentes são limitadas, há poucos estudos sobre a frequência com que as crianças que contraem a COVID-19 desenvolvem a síndrome pós-COVID ou com que gravidade isso os afeta (RAO et al., 2022; ZIMMERMANN et al., 2021).
Em um estudo realizado pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue, em inglês National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI) e pela Researching COVID-19 to Enhance Recovery (RECOVER), foi realizada uma análise nos registros de saúde entre os anos de 2020 e 2021, sendo observado que a COVID longa era incomum em pacientes com menos de 21 anos, e os sintomas da síndrome podem diferir dos sintomas em adultos (RAO et al., 2022).
Uma condição rara pode ser desenvolvida em crianças e adolescentes duas a seis semanas após a COVID-19, mesmo que não apresentem sintomas. A doença é chamada de síndrome inflamatória multissistêmica em crianças (MIS-C), essa condição é caracterizada por inflamação em vários órgãos do corpo incluindo coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos ou órgãos do trato gastrointestinais. A causa do MIS-C ainda não é conhecida (ABDEL-HAQ et al., 2021; ALKAN et al., 2021).
CONCLUSÕES
Considerada uma doença que afeta múltiplos órgãos, a pandemia da COVI-19 e suas consequências estão longe de serem resolvidas. Portanto, é de suma importância estudos mais aprofundados para poder compreender a fisiopatologia da COVID longa e com isso criar novas estratégias para prevenir as complicações e ajudar no tratamento de pacientes com sintomas persistentes recorrentes a COVID-19.
REFERÊNCIAS
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