A INCIDÊNCIA DE DENGUE NO PERÍODO DE 2018 A 2021 NA REGIÃO DO VALE DO PARAÍBA LITORAL NORTE.
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Capítulo de livro publicado no Livro da IV Mostra dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Especialização em Vigilância Laboratorial em Saúde Pública. Para acessa-lo clique aqui.
doi.org/10.53934/9786599965821-27
Este trabalho foi escrito por:
Alline Correa Leme França1, Renato Pereira Souza2
1Estudante do Curso de Especialização no Instituto Adolfo Lutz- Unidade do Centro de Formação de Recursos Humanos para o SUS/SP-Doutor Antônio Guilherme de Souza; E-mail: [email protected]
2Docente/pesquisador do Núcleo de Biologia Médica, Centro de Laboratórios Regionais CLR XII IAL Taubaté
RESUMO
A dengue é uma doença considerada pela Organização Mundial de Saúde como um dos principais problemas de saúde pública gerando uma demanda maior em atendimento no serviço público. Uma doença que acomete o Brasil e o mundo onde atinge zonas tropicais e subtropicais. Com a pandemia da COVID – 19, doença de caráter emergente causada pelo novo coronavírus denominado SARS-CoV-2, teve uma grande representatividade por ser um importante fator atual de pressão ao Sistema de Saúde, gerando assim uma subnotificação na captação de casos positivos de dengue na região do Vale do Paraíba Litoral Norte. A verificação do padrão de circulação do vírus da dengue, a correlação sazonal e o comparativo podem ter ocasionado um crescente nos casos positivos no período de 2018 até 2021 na região do Vale do Paraíba Litoral Norte.
Palavras-chave: Dengue, Vale do Paraíba Litoral Norte, COVID
INTRODUÇÃO
Dengue é uma doença de grande relevância, especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito vetor, afetando 50 a 80 milhões de pessoas. Conforme o Ministério da Saúde (MS) possui como aspectos epidemiológicos de uma doença febril aguda, de etiologia viral e de evolução benigna na forma clássica e grave quando se apresenta na forma hemorrágica. A dengue é considerada hoje a mais importante arbovirose (doença transmitida por artrópodes) que afeta o homem e constitui-se em sério problema de saúde pública no mundo, sendo assim, são vários fatores que colaboram para a ocorrência de uma epidemia de dengue em países tropicais e subtropicais, como no Brasil ocorre o aumento da circulação do mosquito Aedes aegypti decorrente ao crescimento demográfico e a desordenada urbanização e a falta de adequação urbana (MENDONÇA, 2009).
De acordo com o Ministério da Saúde o agente etiológico do vírus da dengue é um arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae. Sendo conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4. Os vetores são mosquitos do gênero Aedes. Nas Américas, a espécie Aedes aegypti é a responsável pela transmissão da dengue. O mundo presenciou uma pandemia pelo o vírus COVID-19, doença emergente causada pelo novo coronavírus denominado SARS-CoV-2, que provocou impactos significativos em todos os setores da sociedade, principalmente nos sistemas de saúde, pois à sua rápida disseminação por todos os continentes e sua capacidade de provocar óbitos em populações vulneráveis, devido à falta de conhecimento científico sobre o vírus, patogenia e tratamento; sobrecarregando ainda mais o sistema de saúde dos países afetados (MASCARENHAS, et. al., 2020)
Mascarenhas, et. al., e Mendonça, et. al.,também relata que o impacto da COVID-19 no sistema público de saúde é muito perceptível pela elevada demanda por internação hospitalar, levando ao esgotamento da oferta de leitos de terapia intensiva e ventiladores pulmonares em algumas regiões do país. De acordo com Yan et. al., 2020 o COVID-19 e dengue possuem paridade clínicas e laboratoriais que foram observadas em pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 e diagnosticados com dengue, por meio de teste rápido, evoluíram para quadros clínicos mais graves, atrasando um tratamento eficaz. No Instituto Adolfo Lutz – Taubaté a técnica utilizada para diagnostico é o método ELISA o princípio desse teste é uma detecção qualitativa de anticorpos IgM ao antígeno da dengue, para assim auxiliar no diagnóstico laboratorial clínico.
Materiais e Métodos
O presente trabalho foi elaborado a partir do levantamento de dados epidemiológicos na base de dado do sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial – GAL, que tem por objetivo informatizar o Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública das Redes Nacionais de Laboratórios de Vigilância Epidemiológica e Vigilância em Saúde Ambiental, propiciando um gerenciamento das rotinas, e acompanhando as etapas para realização dos exames/ensaios e a obtenção de relatórios produção, epidemiológicos, analíticos nas redes estaduais de laboratórios de saúde pública.
Foram selecionados e contabilizados, como critérios de inclusão, resultados para dengue, em exames de sorologia ELISA, realizador nos anos de 2018 à 2021, onde foi permitido o cálculo da Incidência de Dengue no referido período para a Região do Vale do Paraíba Litoral Norte. Foi utilizado como critério de exclusão os resultados não referentes a esse período, assim como testes que tinham como resultado em reposta inespecífica ou inconclusiva.
Foi analisada a incidência de casos positivos de dengue nos anos de 2018 até 2021, e um comparativo foi feito com dados mensais e anuais, com objetivo correlacionar a incidência de captação de casos positivos de dengue nos anos com a ocorrência concomitante de pandemia de COVID 19 em relação aos anos sem pandemia. Os dados foram coletados e analisados mensal e anual para observar os impactos sazonais para cada período do ano (verão, outono, inverno, primavera) e realizado um comparativo para investigar possível aumento ou diminuição de casos positivos.
Resultados
Após levantamento de dados realizado no período de 2018 até 2021 pelo o sistema GAL, foi possível analisar o total de casos regentes e o percentual de sua positividade, representatividade por 100 habitantes e a incidência por 100 habitantes durante esse período, onde foi observado que durante esses períodos ocorreu circulação do vírus.
Com base nesses dados foi possível analisar que no ano de 2018, a idade que mais foi acometida pelo vírus foram os indivíduos com idade de 31 anos, sendo que a idade menor é de 1 ano e a maior 90 anos. Sua representatividade pode ser analisada e foi observado que nos meses de janeiro, fevereiro, março e novembro houve um aumento na circulação do vírus, com isso seu índice de reagentes positivos e sua representatividade por 100 habitantes foi de 0,48%. Já sua representatividade foi de 3,64% e sua incidência média foi de 0,64%. Os casos positivos tiveram variações significativas durante o ano, uma variação ocorreu no mês de setembro que não houve nenhuma notificação de caso positivo para dengue sendo que existiu captação de 58 casos.
Já no ano de 2019, onde começou o período de pandemia do SARS-COV 2, alguns dados coletados mantiveram seus índices, onde foi possível analisar que a idade dos indivíduos acometidos continuou sendo adultos jovens com idade de 34 anos a mais acometida e, a idade menor é 0 ano já a maior de 93 anos. o índice de casos positivos e a sua representatividade é de 0,95%. A representatividade média por 100 habitantes é de 8,61% e a incidência média no ano de 2019 é de 2,97%. Os casos positivos no início de pandemia tiveram algumas variações significativas durante o ano, como no mês de agosto que houve uma queda nos casos positivos com 15%, porém nos meses de abril 43,3%; maio 52,46% e junho 42,63% teve mais captação de casos positivos, com isso demonstrou uma alta em casos positivos.
Já em período de pandemia ano de 2020, com o levantamento de dados é possível analisar que a idade dos indivíduos acometidos permaneceu adultos jovens, agora com idade de 36 anos, sendo que a idade menor é 1 ano e a maior 94 anos. Através dos dados obtidos foi analisado que o índice de casos positivos e a sua representatividade no ano de 2020 é de 0,87%. Já a representatividade média por 100 habitantes é de 11,90%. Sendo que a incidência média no ano de 2020 é de 3,40%, e um pico de incidência no mês de fevereiro e março e uma queda nos meses de agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro. Os casos positivos em período de pandemia tiveram algumas variações significativas durante o ano, como no mês de setembro que houve uma queda nos casos positivos totalizando 4,12%, porém nos meses de fevereiro 42,77%; maio 45,61% e junho 31,44% houve mais captação de casos positivos, com isso demonstrou uma alta em casos positivos.
Já período de pandemia no ano de 2021, foi possível analisar que a idade dos indivíduos acometidos permaneceu adultos jovens, com a idade de 37 anos, sendo que a idade menor é 1 ano e a maior 93 anos. O índice de casos positivos e a sua representatividade no ano de 2021 é de 0,99%. Já a representatividade média por 100 habitantes é de 4,37%, onde demonstra alta representatividade no mês de março e abril, já uma queda em julho, agosto e setembro. A incidência média no ano de 2021 é de 1,56%. No período de pandemia tiveram algumas variações significativas no ano de 2021, como no mês de setembro não houve nenhuma captação de caso positivo de dengue, porém nos meses de fevereiro 43,79%; março 47,61%, abril 49,48% e junho 31,44% houve mais captação de casos positivos, com isso demonstrou uma alta em casos positivos. É possível observar através do levantamento de dados que a equivalência de representatividade e a incidência se mantiveram durante esses anos, tanto em período pré-pandêmico, como pandêmico e pós-pandêmico.
DISCUSSÃO
Conforme a Organização Mundial da Saúde (2008) entre as doenças tropicais, a dengue tornou-se um problema de saúde pública. Pois diversos fatores cooperaram para a recorrência de uma epidemia de dengue nos países tropicais e subtropicais dentre eles destacam-se a proliferação do mosquito Aedes aegypti, o crescimento demográfico desordenado de urbanização, a inadequação de infra-estrutura urbana, o aumento da produção de resíduos não-orgânicos e os modos de vida na cidade ((MENDONÇA, 2009).
De acordo com Borges (2021) a dengue é uma doença de importância pública, é também uma doença endêmica e se expandiu globalmente impulsionada pelas mudanças climáticas e pelo aumento da circulação de pessoas e da urbanização, além da insuficiência de programas de controle de vetores. Doença que apresenta com quadros que variam de assintomática até graves de hemorragia e choque, podendo levar ao óbito. O seu tratamento é baseado principalmente em seus sintomas, por não existir medicamento antiviral específico, com isso é ministrado analgésico e orientado para que o paciente faça reposição de líquidos.
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou o COVID-19 como uma pandemia, sendo assim, o enfrentamento da pandemia SARS-COV 2, pode ser observado uma queda nos registros de casos prováveis e óbitos de dengue. Portanto essa diminuição pode ser resultado de uma subnotificação ou atraso nas notificações das arboviroses associadas a mobilização das equipes de vigilância e assistência para o enfrentamento da pandemia e ao receio da população em procurar atendimento em uma unidade de saúde, conforme relata Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde.
Segundo Mascarenhas, et. al (2020) a COVID-19, doença de caráter emergente causada pelo novo coronavírus denominado SARS-CoV-2, resultou impactos em todos os setores da sociedade afetando principalmente os sistemas de saúde, pela à sua rápida disseminação por todos os continentes, com sua capacidade de provocar mortes em populações mais frágeis, pois a falta de conhecimento do vírus é um fator muito relevante. Entretando, no Brasil. O Brasil tem enfrentado epidemias de dengue desde 1986, mas com o impacto da COVID-19 no sistema público de saúde teve uma perceptível elevada na demanda por internação hospitalar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Porém, por intermédio do levantamento de dados realizado foi possível analisar que houve circulação do vírus no período pré-pandêmico, no período de pandemia e pós- pandemia, entre os anos de 2018 a 2021, sendo a idade mais afetada a de jovens adultos na faixa de 31 anos a 37 anos. O índice de positividade durante os anos houve variações assim como sua incidência e representatividade.
REFERÊNCIAS
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO – Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde 2 Volume 52 – Nº 10 – Mar. 2021
BORGES, G. B. C. H., ADATI, M. C., VIGO, D. C., MENDONÇA, V. F., ISSOBE, M.
A., SANTOS, F. B., ZAMITH, H. P. S. Avaliação dos testes rápidos para diagnóstico da dengue no Brasil Evaluation of rapid diagnostic tests for dengue in Brazil, Vigil. sanit. debate 2021;9(1):82-90. Disponível: https://doi.org/10.22239/2317-269x.01451
MASCARENHAS, M. D. M., BATISTA, F. M. A., RODRIGUES, M. T. P., BARBOSA, MENDONÇA, F. A., SOUZA A. V., DUTRA D. A. SAÚDE PÚBLICA,
URBANIZAÇÃO E DENGUE NO BRASIL Public health, urbanization and dengue’s fever in Brazil Sociedade & Natureza, Uberlândia, 21 (3): 257-269, dez. 2009 MENDONÇA, F. A., SOUZA A. V., DUTRA D. A. Public health, urbanization and dengue’s fever in Brazil. Sociedade & Natureza, Uberlândia, 21 (3): 257-269, dez. 2009.