PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA COQUELUCHE NO BRASIL, 1998 a 2022.
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Capítulo de livro publicado no Livro da IV Mostra dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Especialização em Vigilância Laboratorial em Saúde Pública. Para acessa-lo clique aqui.
doi.org/10.53934/9786599965821-25
Este trabalho foi escrito por:
Nandara Fernanda Alves Rodrigues1; Elisabete Cardiga Alves2
1Estudante do Curso de Especialização em Vigilância Laboratorial em Saúde Pública – IAL- SJRP; E-mail: [email protected]
2 Docente – CLR- IAL- SJRP X, e-mail [email protected]
Resumo: A coqueluche é uma doença infecciosa aguda do trato respiratório inferior, altamente contagiosa, causada pela bactéria B.pertussis, acomete pessoas de qualquer faixa etária, sendo o grupo de maior risco crianças menores e lactantes. A transmissão ocorre pelo contato direto com pessoa infectada por meio de gotículas de orofaringe eliminadas por espirro, tosse e fala, bem como pelo contato com objetos contaminados com secreções do doente. A doença evolui em três fases consecutivas: catarral, paroxística e de convalescença. Apesar do Programa Nacional de Imunizações, a coqueluche continua sendo um importante problema de saúde pública, devido à elevada mortalidade infantil. O objetivo deste trabalho é descrever a ocorrência de casos de coqueluche no Brasil no período de janeiro 1998 a novembro de 2022. Trata-se de uma revisão elaborada a partir de artigos científicos, livros, manuais, dissertações de mestrado e portais eletrônicos. Foram utilizadas as seguintes bases de dados: PubMed, LILACS, SciELO, MEDLINE e Google Acadêmico. O estudo realizado demonstrou que as regiões no Brasil com maior número de casos confirmados de coqueluche no intervalo de 1998 a novembro de 2022 foram respectivamente: região sudeste, região sul e a região norte. A maior ocorrência de casos de coqueluche concentrou- se na faixa etária dos menores de 1 ano de idade, principalmente menores de 6 meses. No Brasil a cobertura vacinal diminui a partir de 2018 com aumento de casos de coqueluche em indivíduos não vacinados, principalmente na faixa etária de menores de 2 meses e indivíduos com situação vacinal ignorada que ressalta a importância da vacina em crianças, adultos, gestantes, profissionais de saúde e idosos como prevenção da doença. Foi observado um decréscimo significativo da coqueluche no período 2020 a 2022 devido ao foco na assistência e prevenção da covid-19, situação que contribuiu para a diminuição do número de casos de doenças de transmissão respiratória como a coqueluche. A coqueluche ainda deve ser considerada uma doença de importância mundial em saúde pública, portanto devemos reforçar as ações de diagnóstico, prevenção e controle da doença.
Palavras-Chaves: Bordetella pertussis, coqueluche, epidemiologia, vacinação
Introdução
A coqueluche é doença infecciosa aguda do trato respiratório inferior, altamente contagiosa, causada pela bactéria Bordetella pertussis, acomete pessoas de qualquer faixa etária, sendo o grupo de maior risco crianças menores e lactantes1,2. A transmissão ocorre pelo contato direto com pessoa infectada por meio de gotículas de orofaringe eliminadas por espirro, tosse e fala, bem como pelo contato com objetos contaminados com secreções do doente3,5,7. A doença evolui em três fases consecutivas: catarral, paroxística e de convalescença4. Na fase catarral ocorrem manifestações respiratórias com sintomas leves de febre pouco intensa, mal-estar geral, coriza e tosse seca. A Fase paroxística é geralmente afebril ou com febre baixa, crise com tosse súbita, rápida e curta6. Apesar do Programa Nacional de Imunizações, a coqueluche continua sendo um importante problema de saúde pública, devido a elevada mortalidade infantil1,6. A principal forma de prevenção contra a coqueluche é a imunização. As vacinas penta (difteria, tétano, pertussis, hepatite B e Haemophilus influenza tipo b), tríplice bacteriana Difteria, Tétano e Coqueluche (DTP) e a vacina DTPa (acelular) estão disponibilizadas nos serviços de saúde do Brasil.3
O diagnóstico da coqueluche é realizado por meio de sinais e sintomas clínicos, Rx de tórax e diagnóstico laboratorial. O diagnóstico laboratorial é realizado com exames inespecífico como o hemograma. Os exames específicos utilizados são os métodos microbiológicos, métodos imunológicos e moleculares.8
Foi preconizado pelo Ministério da Saúde, Azitromicina 250 mg como droga de primeira escolha para o tratamento da coqueluche que apresenta maior efetividade quando administrada no início dos sintomas. O quadro inicial é inespecífico e pode causar atraso no diagnóstico e início do tratamento, levando à evolução da doença para quadros mais graves, portanto a prevenção da coqueluche por meio da imunização é vital, especialmente para os neonatos2.
Muitos países enfrentam desafios significativos de vigilância, principalmente no diagnóstico clínico, confirmação laboratorial, falta de notificações epidemiológicas incompletas que podem resultar em subnotificação da doença9.
Para reduzir o número de casos em lactentes, a imunização materna foi introduzida em muitos países durante a última década. Os dados demostram que a imunização reduz o número de casos e o número de mortes causadas pela doença9.
Avaliações nacionais indicam aumento do risco de doenças imunopreveníveis devido à queda de vacinação, principalmente em crianças menores de um ano. As ações de educação em saúde são fundamentais para a prevenção da coqueluche, portanto informar a população sobre os aspectos epidemiológicos da coqueluche, vacinação como principal medida de prevenção e controle da doença, ressaltam a importância do levantamento bibliográfico do referido estudo para o conhecimento do perfil epidemiológico da Coqueluche no Brasil10.
Material e Métodos
Este trabalho foi elaborado por meio de uma revisão bibliográfica baseando-se, no perfil epidemiológico da coqueluche. Definiu-se trabalhar com as seguintes bases de dado do PubMed, LILACS, MEDLINE, Google Acadêmico e Scielo, manuais contidos em sites do Ministério da Saúde, dissertações de mestrado e artigos de revista. Realizou-se buscas avançadas selecionando-se palavras-chave, Bordetella pertussis, coqueluche, epidemiologia e vacinação.
Resultado e Discussão
De acordo com a figura 1 A e 1 B, as regiões no Brasil com maior número de casos confirmados de coqueluche no período de 1998 a novembro de 2022 foram respectivamente: região sudeste, região sul e a região norte.
No Brasil, no intervalo de 1998 a novembro de 2022 o período com maior número de casos foi 2014. De acordo com o boletim epidemiológico do ministério da saúde referente ao período de 2010 a 2014 o aumento do número de casos de coqueluche pode ter ocorrido devido à ciclicidade da doença, baixas coberturas vacinais, melhoria no diagnóstico laboratorial e variação de cepas entre as regiões.
Houve diminuição expressiva do número de casos de coqueluche no período de 2020 a 2022. De acordo com o boletim epidemiológico do ministério da saúde referente ao período de 2020 a 2022 a queda expressiva de casos se deve-se ao foco na assistência e prevenção ao covid 19 que contribuíram para a redução doenças de transmissão respiratória, como é o caso da coqueluche.
Fonte: O Sistema de Informações de Mortalidade/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde, 2022
A figura 2 demonstra que no período de 1990 a julho de 2022 o coeficiente de incidência da coqueluche foi maior em 1990 com queda no período de 1991 a 1996 e aumento em 1997. A cobertura vacinal diminui a partir de 2018, de acordo com o boletim epidemiológico do ministério da saúde de 2018 a 2022 se deve-se a recusa as vacinas, devido a fatores econômicos, sociais, culturais, disponibilidade do imunobiológico, acessibilidade geográfica, capacidade de compreensão e acesso às informações em saúde resultando em não proteção coletiva promovendo a circulação de doenças imunopreveníveis.
De acordo com a figura 3 a cobertura vacinal diminui a partir de 2018 com aumento de casos de coqueluche em indivíduos não vacinados, principalmente na faixa etária de menores de 2 meses e indivíduos com situação vacinal ignorada. Portanto esses dados ressaltam a importância da vacina como prevenção á coqueluche.
Conclusão
As regiões no Brasil com maior número de casos confirmados de coqueluche no período de 1998 a novembro de 2022 foram respectivamente: região sudeste, região sul e a região norte.
A maior ocorrência de casos de coqueluche concentrou-se na faixa etária dos menores de 1 ano de idade, principalmente menores de 6 meses.
No Brasil a cobertura vacinal diminui a partir de 2018 com aumento de casos de coqueluche em indivíduos não vacinados, principalmente na faixa etária de menores de 2 meses e indivíduos com situação vacinal ignorada que ressaltam a importância da vacina em crianças, adultos, gestantes, profissionais de saúde e idosos como prevenção da doença.
Foi observado um decréscimo significativo da coqueluche no período 2020 a 2022 devido ao foco na assistência e prevenção da covid-19, situação que contribuiu para a diminuição do número de casos de doenças de transmissão respiratória.
A coqueluche ainda deve ser considerada uma doença de importância mundial em saúde pública, portanto devemos reforçar as ações de diagnóstico, prevenção e controle da doença.
Referências Bibliográficas
1- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico: Coqueluche no Brasil: análise da situação epidemiológica de 2010 a 2014,
v. 46, n. 39. 2015. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a- z/c/coqueluche/arquivos/boletim-epidemiologico-da-coqueluche-brasil-2010-a-2014.pdf. Acesso em: 03 out. 2022.
2- MACHADO, L. Z.; MARCON, C. E. M. Incidência de coqueluche em crianças menores de 1 ano e relação com a vacinação materna no Brasil, 2008 a 2018. Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS (RESS), Brasília, v. 31, n. 1, 2022. https://doi.org/10.1590/S1679-49742022000100029. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ress/a/QwfrBxCKsLTyRVYgzKbmfGF/?lang=pt. Acesso em: 03 out. 2022.
3- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe epidemiológico da coqueluche Brasil 2018 a 2019. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/coqueluche/arquivos/informe – epidemiologico-da-coqueluche-brasil-2018-a-2019.pdf. Acesso em: 04 nov. 2022.
4- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único [recurso eletrônico]/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 3ª. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 740 p. disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_3ed.pdf. Acesso em: 04 nov. 2022.
5- SOARES, J. S.; BRITO, L. C. F.; COÊLHO, M.B.; COSTA, R. K. E.; OLIVEIRA, E. H.
Análise do perfil epidemiológico dos casos de coqueluche no estado do Piauí de 2013 a 2018. Research, Society and Development, v. 10, n. 2, e39810211354, 2021. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i2.11354. Disponível em: https://rsdjournal.org/ index.php/rsd/article/view/11354. Acesso em: 05 out. 2022.
6- Governo Do Estado De São Paulo. Secretaria De Estado Da Saúde. Coordenadoria De Controle De Doenças. Centro De Vigilância Epidemiológica “Prof Alexandre Vranjac”/Divisão De Doenças De Transmissão Respiratória e Divisão de Imunização. Informe Técnico. Situação Epidemiológica Da Coqueluche, Cenário Global, novembro de 2011, São Paulo, Brasil. Disponível em: https://www.cvpvacinas.com.br/pdf/IF11_ COQUELUCHE.pdf. Acesso em: 05 out. 2022.
7- FIGUEIREDO, B. Q.; ANDRADE, A. F.; OLIVEIRA, I. P.; OLIVEIRA, J. P.G.; FERREIRA, K. S.; SILVA, L. S.; SANTOS, M. C. T.; MARRA, M. S.; VALE, S.
Diminuição de casos notificados de coqueluche em crianças brasileiras: reflexo do distanciamento social e suspensão das aulas devido à pandemia de Covid-19. Research, Society and Development. v. 10, n. 11, p. e230101119631, 2021. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19631. Disponível em: https://rsdjournal.org/ index.php/rsd/article/view/19631. Acesso em: 06 out. 2022.
8- HIDALGO, Neuma TR et al. Manual de vigilância epidemiológica; coqueluche: normas e instruções 2000. 2001. Disponível em: https://www.saude.sp.gov.br/ resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-de- transmissao-respiratoria/doc/2001/manu_coque.pdf. Acesso em 06 out.2022.
9- HOZBOR, D.; ULLOA-GUTIERREZ, R.; MARINO, C. et al. Pertussis in Latin America: Recent epidemiological data presented at the 2017 Global Pertussis Initiative meeting. Vaccine, v. 37, n. 36, p. 5414-5421. doi: 10.1016/j.vaccine.2019.07.007. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/ S0264410X19308850?via%3Dihub.Acesso em: 04 nov. 2022.
10- Divisão de Imunização. Centro de Vigilância Epidemiológica – “Prof Alexandre Vranjac”. Coordenadoria de Controle de Doenças. Secretaria de Estado da Saúde. São Paulo, Brasil. Coberturas Vacinais de Rotina no Estado de São Paulo – 2013 a 2017. BEPA.
Boletim Epidemiológico Paulista, São Paulo, v. 15, n. 177, p.21-25, 2018. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/37943. Acesso em 09 out.2022.
11- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Situação epidemiológica da coqueluche no Brasil, 2018 a 2021 e semanas epidemiológicas de 1 a 32 de 2022. Boletim Epidemiológico, v. 53, n. 40, p. 31-46, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/ epidemiologicos/edicoes/2022/boletim-epidemiologico-vol-53-no40/view. Acesso em: 04 nov. 2022.