ANÁLISE DE MUTAÇÕES NOS GENES rpoB, katG e inhA EM Mycobacterium tuberculosis NO TESTE GENOTYPE MTBDRplus-LPA
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Resumo expandido publicado nos Anais da III Mostra dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Especialização em Vigilância Laboratorial em Saúde Pública. Para acessa-lo clique aqui.
Este trabalho foi escrito por:
Assucena Marques Rodrigues Xavier¹; Andrea Gobetti Coelho Bombonatte²; Ana Carolina Chiou Nascimento³
¹Estudante do Curso de Especialização em Vigilância Epidemiológica em Laboratório de Saúde Pública – CLR IX – IAL; e-mail: [email protected]
² Diretora do Núcleo de Biologia Médica – CLR IX – IAL;
³ Pesquisadora do departamento laboratório de micobactérias – CLR IX – IAL;
Resumo: A Tuberculose é uma doença infectocontagiosa, sendo um grave problema de saúde pública, associado a condições de pobreza, desigualdade social, má distribuição de renda e urbanização acelerada, e o Relatório Global de Tuberculose 2021 mostra que o Brasil é o país, com maior incidência de casos pelas Américas. O objetivo do presente estudo foi avaliar a detecção de Tuberculose Multidrogas resistente (TBMDR) pelo teste molecular GenoType MTBDRplus, a partir de amostras clínicas de pacientes submetidas a detecção de TB pulmonar. Foram avaliadas 162 amostras no período de janeiro a junho de 2021, submetidas ao diagnóstico da TB na região metropolitana da Baixada Santista, realizado no Instituto Adolfo Lutz (IAL) de Santos. Entre as 162 amostras, 130 (80,2%) foram amostras com resistência a rifampicina (RIF) e isoniazida (INH) não detectadas; 8 (4,9%) resistência a RIF detectada; 3 (1,8%) resistência a INH detectada; 2 (1,2%) resistência a RIF e INH detectada e 19 (11,7%) inconclusivas. A maioria das amostras (75,0%) com resistência à RIF detectada apresentaram, a ausência de hibridação na sonda WT7, e em casos de resistência a RIF e INH detectadas, apresentaram as mutações rpoB MUT3 e katG MUT1. O ensaio MTBDRplus é um teste excelente na detecção de resistência ao complexo Mycobacterium Tuberculosis (MTBC) para RIF , INH e multirresistentes. O teste tem como suas vantagens e impacto, a redução do tempo para o diagnóstico, a fácil execução em ambientes laboratoriais com boa infraestrutura e treinamento técnico, além da informação genotípica.
Palavras-chaves: Tuberculose resistente; Mycobacterium tuberculosis; GenoType MTBDRplus; Técnicas de diagnóstico molecular.
INTRODUÇÃO
A espécie Mycobacterium tuberculosis (MTB) pertence ao gênero Mycobacterium e à família Mycobacteriaceae, e é o agente causador da doença Tuberculose, e desde então, vem sendo uma doença global considerada um problema de Saúde Pública (BRASIL, 2008). A tuberculose (TB) está ligada indiretamente a pobreza, desigualdade social, má distribuição de renda e urbanização acelerada (HIJJAR, et al., 2001).
No Brasil, no ano de 2020 foram registrados 66.819 novos casos, com taxa de incidência de 31,6 casos por 100.000 habitantes (BRASIL, 2021). Por essa razão, não será possível alcançar a meta da Estratégia “FIM da TB”. A estratégia foi elaborada pela Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da TB (PNCT) e tem como principal objetivo a redução da taxa de incidência para 10 casos a cada 100.000 habitantes e menos de um óbito para cada 100.000 habitantes até o ano de 2035 (MACIEL et al., 2020). Outro agravante no descumprimento da meta é o abandono do tratamento, negligenciando o processo de cura e consequentemente levando ao surgimento da tuberculose multirresistente (TB-MDR). Em relação ao abandono dos tratamentos dos casos de TB sensível aos medicamentos, nos anos de 2018 e 2019, 12,0% dos casos novos pulmonares abandonou o tratamento no Brasil, uma proporção superior ao recomendado pela OMS (5,0%) (BRASIL, 2021).
É possível detectar de uma forma rápida e precoce a TBMDR pelo teste molecular de line probe assay GenoType MTBDRplus, um teste in vitro qualitativo que tem como objetivo detectar o complexo M. tuberculosis e a resistência a rifampicina (RIF) e isoniazida (INH). Para a identificação da resistência à RIF é realizada a detecção das mutações associadas ao gene rpoB; e para a identificação da resistência à INH é analisado o gene katG e a região promotora do gene inhA (HAIN, 2015).
Com o avanço nos últimos anos da Tuberculose resistente a RIF e TB-MDR, é imprescindível a agilidade de diagnóstico, e o GenoType é um teste molecular promissor, que reduzirá o tempo de resultado, comparado aos atuais como o teste de suscetibilidade a medicamento (TSM), além de dar informações genotípicas referente a sensibilidade e assim, induzir o médico a adotar o melhor esquema de tratamento para o paciente (BRANDÃO et al., 2019)
O objetivo deste estudo foi avaliar o diagnóstico da TB-MDR pelo teste molecular GenoType MTBDRplus, a partir de amostras clínicas submetidas a detecção de TB pulmonar, caracterizando o perfil epidemiológico dos pacientes.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi realizado no Instituto Adolfo Lutz (IAL) CLR IX Santos, no período de janeiro a junho de 2021 e avaliou amostras submetidas ao diagnóstico da MTB na região metropolitana da Baixada Santista. Foram incluídas amostras de escarro submetidas ao TRM Xpert MTB/RIF com resultado positivo para o complexo MTB somente de casos de diagnóstico, ou seja, casos novos. Foram excluídos quaisquer casos que não eram TB ou casos de pacientes que já estão em tratamento e são considerados controle. Os dados demográficos foram coletados do Sistema de Controle de Pacientes com Tuberculose (TBWEB) e os dados clínicos pelo Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL). As variáveis estudadas foram: gênero, etnia, faixa etária, escolaridade e tipo de ocupação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisadas 162 amostras no presente estudo. O gráfico 1 abaixo mostra que 130 (80,2%) foram amostras de resistência a RIF e INH não detectadas; 8 (4,9%) resistência a RIF detectada; 3 (1,8%) resistência a INH detectada; 2 (1,2%) resistência a RIF e INH detectadas e 19 (11,7%) inconclusivas.
Estes resultados estão de acordo com os reportados por BRANDÃO et al. (2019), onde foi apresentado ausência de mutações em RIF e INH em 92% das amostras analisadas no IAL de São Paulo (BRANDÃO, et al., 2019). Uma porcentagem inferior ao trabalho citado acima devido à alta demanda de análises comparado ao do presente estudo.
Com relação aos resultados do GenoType MTBDRplus, foram observadas ausências de bandas do tipo selvagem e detectadas as seguintes bandas de mutações nos genes rpoB, katG e inhA (Tabela 1).
Em grande parte dos resultados, podemos observar que a resistência à RIF (75,0%) é devido a ausência de hibridação na sonda selvagem, principalmente WT7 e WT8 no gene rpoB, assim como foi encontrado, em Ribeirão Preto (FELICIANO et al.). Também se pode observar que em casos de multirresistência (n=2), os perfis encontrados foram a ausência de hibridação do tipo rpoB WT8 e katG WT (n=2,100%), e as mutações apresentadas foram rpoB MUT3 e katG MUT1 (n=2,100%). Nos casos de resistência à INH foi encontrada a mutação inhA MUT1(n=2,100%) e apresentada a mutação MUT1(n=1,100%) em isolados pelo katG.
Com o objetivo de caracterizar o perfil epidemiológico dos pacientes com TB, na tabela pode-se observar que ocorre uma predominância no sexo masculino (n=115, 71,0%) de etnia parda (n=60, 52,2%) em média de 30 a 39 anos de idade (n=36, 31,3%). No sexo feminino também se percebe que a cor parda predomina (n=26, 55,3%). Em questão de escolaridade apenas 3 (1,9%) pacientes possuíam mais de 15 anos de estudos, e 67 (41,4%) possuíam apenas o ensino fundamental. Também podemos dizer que de acordo com o tipo de ocupação 45 (27,7%) pacientes estavam desempregados, 4 (2,4%) eram detentos e 92 (57,7%) “outras”.
Podemos comparar nossos resultados com um estudo realizado também na cidade de Santos, Baixada Santista, que mostrou 69% dos casos de TB em pacientes do gênero masculino e 69,7% em seus 20-49 anos de idade (COELHO et al., 2009). Um outro estudo feito em Pernambuco, também afirma que 65% dos casos eram do sexo masculino e 45,3% tinham entre 20-39 anos. Supõe-se que grandes partes dos homens procuram atendimento médico tardiamente e a doença atinge pessoas entre 20-49 anos por ser uma faixa etária economicamente ativa (SOARES et al., 2017).
CONCLUSÃO
O ensaio GenoTypeMTBDRplus-LPA é um teste excelente na detecção de resistência ao MTBC para RIF, INH e multirresistentes, onde no presente estudo 80,2% foram resistência a RIF e INH não detectadas, 4,9% resistência a RIF detectada, 1,8% resistentência a INH detectada e 1,2% resistência a RIF e INH detectadas. O teste tem como suas vantagens e impacto, a redução do tempo para o diagnóstico, a fácil execução em laboratórios com boa infraestrutura e treinamento técnico, além da informação genotípica onde grande parte de nossos resultados, da resistência a RIF, foi identificada pela ausência de hibridação rpoB do tipo WT7 e WT8 e em casos de multiresistência, a ausência do rpoB WT8 e katG WT, e apresentação das mutações nos genes rpoB MUT3 e katG MUT1.
REFERÊNCIAS
- BRANDÃO, A. P. ET AL. AGILIZANDO O DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE EM UMA REGIÃO ENDÊMICA COM O USO DE UM TESTE COMERCIAL DE SONDAS EM LINHA. J BRAS PNEUMOL. SÃO PAULO. 45 (2);2019.
- BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DE TUBERCULOSE. [S.I] 2021.
- BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE . MANUAL NACIONAL DE VIGILÂNCIA LABORATORIAL DA TUBERCULOSE E OUTRAS MICOBACTÉRIAS. BRASÍLIA;2008.
- COELHO A.G.V. ET AL. CARACTERÍSTICAS DA TUBERCULOSE PULMONAR EM ÁREA HIPERENDÊMICA- MUNICÍPIO DE SANTOS (SP). J BRAS PNEUMOL. 2009;35(10):998-1007
- FELICIANO, C.S. ET AL. ROLE OF A GENOTYPE MTBDRPLUS LINE PROBE ASSAY IN EARLY DETECTION OF MULTIDRUG-RESISTANTE TUEBRCULOSIS AT A BRAZILIAN REFERENCE CENTER.
- HAIN. GENOTYPE MTBDRPLUS INSTRUÇÕES. [S.I] 2015
- HIJJAR, M. A.; OLIVEIRA, M. J. P. R. ; TEIXEIRA, G. M. A TUBERCULOSE NO BRASIL E NO MUNDO. BOL. PNEUMOL. SANIT., RIO DE JANEIRO , V. 9, N. 2, P. 9-16, DEZ. 2001
- MACIEL, E. L. N.; JÚNIOR, E. G.; DALCOMO, M. M. P. TUBERCULOSE E CORONAVÍRUS: O QUE SABEMOS?. EPIDEMIOL. SERV.SAÚDE. [S.I] 29 (2). 2020
- SOARES, M.L.M. ET AL. ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS E CLÍNICOEPIDEMIOLÓGICOS DO ABANDONO DO TRATAMENTO DE TUBERCULOSE EM PERNAMBUCO, BRASIL,2001-2014. EPIDEMIOL.SERV.SAÚDE; [S.I] 26 (2); APR-JUN 2017.